sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Para minha Pandora...

Espero que você tenha sido feliz com a gente. Espero ter te dado ao menos o suficiente para você ter uma vida saudável e divertida.

Espero que me perdoe por cada mosquito e cada carrapato dos quais eu não pude te proteger, por cada tarde de domingo que eu não te levei para passear, por cada bola nova que eu demorei a te dar, por cada noite que deixei de brincar com você para fazer outra coisa. E por tudo que eu poderia ter feito para te fazer mais feliz.

Será lancinante cada vez que eu chegar em casa e não ter uma mocinha sorridente me esperando para me xeretar e me dar a patinha.

Pandora (L)

sábado, 23 de janeiro de 2010

Kundera me traduz...

...mesmo quando não concordo com ele.
Veja só!




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"Rilke diz do amor de Betina: Esse amor não precisa ser retribuído, contém em si mesmo seu apelo e sua resposta; ele se satisfaz a si mesmo. O amor plantado no coração dos humanos por um jardineiro dos anjos não precisa de nenhum objeto, nenhum eco, nenhum Gegen Liebe (contra-amor, amor retribuído). O amado não é a causa nem o objetivo do amor.
Betina escreveu: O amor verdadeiro (dire wahre liebe) é incapaz de infidelidade. Esse amor que não se preocupa em ser retribuído (die liebe ohne Gegen-Liebe) procura o amado em todas as suas metamorfoses.
Um amor plantado em um coração pelo seu próprio amado é um amor inimitável, intercambiável, destinado àquele que o havia plantado, àquele que era amado, e portanto amor que não conhecia metamorfoses. Poderíamos definir semelhante amor como uma relação: uma relação privilegiada entre duas pessoas.
Ao contrário disso, o Wahre Liebe - amor verdadeiro - não é amor-reação, mas amor-sentimento. Um amor assim não conhece infidelidade, pois mesmo se o objeto muda, o amor continua a mesma chama, iluminada por uma mão celeste. A causa e o objeto do amor não é a pessoa amada, mas o amor."


Tenho medo dessa palavra "Amor", principalmente quando se diz "Amor Verdadeiro". Acho que não conheço esse sentimento que é apenas um sentimento: um amor que não é relacionado ao objeto amado.
Mas tenho pensado muito sobre isso ultimamente.





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"Em seu espírito, a noção de amor estava ligada à imagem do oceano, o mais tempestuoso dos elementos. Mesmo sendo feliz com sua mulher, mesmo amando-a, sentia em algum recôndito secreto de sua alma um ligeiro, um tímido desapontamento com a idéia de que seu amor nunca tivesse se manifestado de maneira um pouco mais dramática. Quase invejava em Laura os obstáculos que tinha encontrado em seu caminho porque, segundo ele, apenas os obstáculos podem transformar o amor em história de amor."


Mais uma vez, o amor. Sempre visualizei o amor como algo calmo e harmônico. Sem obstáculos, sem dramas.

Por outro lado, digo que a vida precisa de obstáculos. Quanto mais oceanica ela for, mais proveitosa será.

Daí meu cérebro entrou em conflito. :/

Mas sei que os sentimentos mais bonitos que já senti foram os menos tempestuosos.





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"Paulo dizia: Uma pastagem não é nada mais do que um campo de sofrimento. Neste lindo verde, um ser morre a cada segundo, as formigas devoram na terra as minhocas vivas, os pássaros estão vigilantes em pleno céu, à espreita de uma doninha ou de um rato. Você está vendo este gato preto imóvel entre a folhagem? Ele está só esperando uma oportunidade para matar. Acho repugnane o respeito ingênuo que temos pela natureza. Você acha que nas mandíbulas de um tigre uma corça fica menos espantada do que você mesma ficaria? Se as pessoas dizem que um animal não pode sofrer tanto quanto um homem, é porque não poderíamos suportar a idéia de viver no meio de uma natureza que não é senão atrocidade, apenas atrocidade."


Essa é a melhor!

Nunca duvidei da sacralidade da natureza: onde nada se perde e tudo se equilibra. Existem leis nessa natureza. Leis matemáticas, biológicas. São leis divinas.

Mas não seriam as leis humanas superiores às leis divinas?

Afinal, a dor está evidentemente presente na natureza. Pode-se fazer uma longa discussão sobre a presença da dor na vida, mas não é isso que quero expressar. Digo que a lei humana tenta suprimir a dor, enquanto a lei divina é indiferente a ela.

Paulo fica feliz de ver o homem cobrir pouco a pouco toda a terra de cimento. A primeira vista, isso me parece um absurdo. Agora vejo que não é tão simples assim... Continuo achando o homem sujo, aquele que causa sofrimento sem fundamento, mas...




Será que vivo melhor num mundo social onde os seres tentam viver de maneira harmônica através de leis? Ou a natureza realmente é um acerto: um sistema sagrado onde a vida acontece perfeitamente?

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A burocracia da desconfiança

Eu li algumas coisas do Karl Marx pra apresentar um trabalho no final do semestre... Descobri que realmente discordo de praticamente tudo que ele diz. Mas é certo que a utopia dele é linda! *.*

Uma sociedade que apenas produz para si mesma. Meu professor disse que o tempo de trabalho diário necessário para produzir para a sociedade é de duas horas. O resto do tempo poderia ser útil para estudar, pensar, criar, fazer arte, se divertir. Então por que, na vida real, é exigido tanto trabalho?

São 3 coisas: o excesso de mentiras, a falta de empatia e a incapacidade de enxergar a sociedade como ela deveria ser.

Muito trabalho é gerado apenas para garantir que o cidadão siga as leis. Para garantir que ninguém vai tirar proveito de algo, deixando os demais prejudicados. Esse risco do infeliz sacanear é o que faz o próprio infeliz trabalhar tanto num serviço que, na sociedade linda de Marx, é completamente inútil.

Vou escrever sobre mim. Minha mae é contadora. Eu trabalho com ela há uns 7 anos. Resolvi cursar Ciências Contábeis também. Descobri que é um curso idiota. Partilhas dobradas é uma bobeirinha que qualquer cidadão aprende em uma semana. E pronto. Se ele sabe débito e crédito, ele sabe tudo sobre Contabilidade.

Mas tudo bem. O primeiro semestre de Ciências Contábeis é lindo. O calouro se imagina o salvador do patrimônio empresarial, a peça fundamental para o enriquecimento dos donos do capital. Mas poucos calouros poderão ser tão úteis assim um dia. Talvez, se o cara se formar e entrar na elite gestora de uma S.A. Me parece que o trabalho para empresas grandes é mais proveitoso, pois o contador realmente auxilia diretamente na gestão da empresa. Apesar de que as partilhas dobradas continuarão tendo um papel secundário, e os indicadores verificados em outras áreas serão muito mais importantes. Não fui claro. Mas meu amigo Marcelo poderia ler isso, ficaria feliz em saber que eu penso que o curso de Ciências Contábeis é inútil e deveria ser "enfiado" no curso de Administração. A Marina não gosta de Administração, por motivos que eu concordo! Mas convenhamos, é um curso bem mais útil do que Contábeis.

Afinal, Contáveis ainda existe porque a contabilidade de microempresas ainda é obrigatória. Isso é o ponto principal da minha vida. Toda a incerteza do meu futuro profissional e das minhas (in)decisões em relação a ele estão na obrigatoriedade da contabilidade para microempreas. O que eu faço no escritório de minha mãe é cuidar da burocracia e dos impostos das microempresas que são nossas clientes. É tudo fantasia. Inventamos papéis e números para apresentar para o governo, e entregamos um valor para a empresa pagar ao governo. Pense bem, isso é inútil. Eu me sinto realmente mal em ter um trabalho inútil.

Se eu pudesse, lutaria para que o pequeno empreendedor ficasse livre da obrigatoriedade de pagar caro para um contador inútil, além de todas as frescuras relativas à manutenção burocrática de sua empresa. Muito já tem sido feito pra isso: o Simples Nacional, o Microempreendedor Individual. Mas ainda estamos há alguns passos desse lindo dia, quando os contadores de micro e pequenas empresas vão ficar desempregados. E a maior parte dos contadores são contadores de micro e pequenas empresas.

Insatisfeito com a inutilidade do meu trabalho, resolvi me aventurar no Procon, para verificar como a justiça brasileira está funcionando, ter certeza de que pelo menos os consumidores estão sendo devidamente protegidos. Mas... que decepção! Olhando aquilo eu pude ter certeza de que a justiça é lenta apenas porque as pessoas não conhecem Marx.

O Procon é inútil. É uma coisa que não faz sentido, não deveria existir, não deveria ocupar espaço. É o órgão responsável para defender a parte hipossuficiente na relação de comércio: o consumidor. (My Godless, essa HIPOSSUFICIÊNCIA me mata! Quem foi o idiota que enfiou essa porra no sistema jurídico? A Justiça existe para manter a harmonia entre duas partes, não para fixar uma dessas partes como detentora de maior protenção!) O cidadão, instatisfeito com a operadora de telefone vai lá no Procon e reclama da conta exorbitante. Meses depois tem uma audiência, nada se resolve. O Procon cobra uma multa de 50 mil reais que poderá ser atenuada para 3 mil se a empresa atender o pedido do consumidor. A maioria das empresas prefere pagar 3.000 para o Procon, ao invés de descontar 40 reais da conta do cidadão logo de cara. Se ainda não foi resolvido, o consumidor que se foda, afinal, o Procon já ganhou o que queria ganhar.

Isso ainda é bonito. Mas verificando melhor, o que mantém o Procon é a multa que eles aplicam às empresas. Qualquer bostinha dá a eles o direito de aplicar uma multa. Se o consumidor não entendeu a promoção direito, se ele não leu o contrato, se ele não conseguiu se comunicar direito com o banco, se ele quebrou o produto e exige reposição pela garantia... O valor da multa é estimado por estagiotários como eu, que escolhem valores aleatórios com base no nome que a empresa tem. As decisões (99% a favor do consumidor) são bem tedenciosas ao consumidor - a parte-hipossuficiente-detentora-de-toda-a-razão-sempre. O Procon, personificado, que deveria ser mediador JUSTO na relação de consumo surge como aproveitador da pequena insatisfação do infeliz revoltadinho para ter o direito de se auto-sustentar através da punição feita às malvadas empresas fornecedoras. O Procon, personificado, está pouco ligando para que a discordância seja resolvida da maneira mais harmônica possível. Ele está ligando apenas para verificar se não vai ser um absurdo defender o consumidor, defendê-lo e tirar seus recursos a partir daí.

O pessoal que trabalha lá cuida de outros detalhes para que a burocracia seja feita perfeitamente. Pedidos, papéis, carimbos, formulários, milhares de assinaturas, protocolos, listas... Tudo para que ninguém engane ninguém! Assim pude perceber o porquê dos processos jurídicos serem tão lentos. São MUITOS detalhes para garantir a legitimidade dos processos. Essas coisas seriam descartáveis se as pessoas fossem confiáveis. Eu realmente acho as leis lindas. Mas se todas as discordâncias do mundo pudessem ser resolvidas pelos antigos sábios, tudo seria mais fácil. As leis tentam prever as situações de forma precária. As leis inventam coisas como "hipossuficiência" e "danos morais". Valquíria, danos morais é uma coisa nojenta e inútil! Além de desrespeitosa, ocupa o tempo que seria útil para resolver as poucas discordâncias importantes dos outros processos.

São 3 coisas:

  • O excesso de mentiras: a mentira cria a necessidade de provas para se verificar a verdade. Já tentou imaginar se ninguém mentisse? Como seria? Durante muito tempo defendi a idéia de que a mentira sustenta a paz. Mas não... Por causa da mentira, a sociedade precisa gastar muito tempo garantindo a legitimidade das coisas.
  • A falta de empatia: meu ex professor Hugo (rapaz admirável!) gostava de fazer debates na sala de assuntos polêmicos, esses de aborto, pena de morte e legalização das drogas... Porém, quem era a favor deveria debater contra, e vice-versa. Acho que entender o outro lado é a chave da paz. Abrir mão de certas coisas, perdoar, compreender que o que você perde e menor do que o que o outro ganha. "Não faça com os outros o que não quer que façam com você." Esta é a mais sublime lei. Nenhuma outra lei seria necessária se ela fosse seguida por todos. Eu amo isso, muito.
  • A incapacidade de enxergar a sociedade como ela deveria ser: O que é a sociedade? É o grupo das pessoas. Escolhemos os líderes, que governarão os métodos para o grupo viver em harmonia. O que o cidadão faz para a sociedade, ele estará fazendo para si mesmo. Um professor de Administração me fez ter certeza de que sou contra a sonegação de impostos. Não digo que a administração pública é uma coisa maravilhosa, mas o cidadão também não é. O cidadão não dá à sociedade o que lhe deve, o cidadão não valoriza o bem público. Como pode ele reclamar?
Na sociedade perfeita de Marx, não se precisa de um governo. As pessoas compreendem a sociedade e dedicam sua vida a ela. Elas não mentem, não há motivos. Elas sabem entender a outra parte, não precisam de um Procon (e nem mesmo de um sábio) para resolver suas discordâncias de forma justa. Na sociedade perfeita de Marx, a contabilidade de microempresas desapareceria, o Procon desaparecedia, as pilhas de processos jurídicos desapareceriam, as fiscalizações desapareceriam, os marcadores de qualidade e higiene desapareceriam, as dificuldades de cobrança desapareceriam, as prisões desapareceriam, os exércitos desapareceriam, todos os detalhes burocráticos e o trabalho surgido daí em todas as áreas do trabalho desapareceriam. Isso tudo é inútil.

A sociedade perfeita de Marx não existe, e nunca irá existir. Mas podemos nos esforçar pra chegar perto disso né? Um pouco de honestidade, de sinceridade, de compaixão (Kundera (L)) e talvez, o pedaço da sociedade mais próximo de nós ficará um pouco melhor.

(:

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sobre a existência de Deus

Em resposta ao post da minha querida, linda e evangélica amiga Lilly *.*, venho escrever um texto imenso sobre um dos assuntos sobre os quais mais gosto de falar: Deus.


O Astronauta e o Neurologista

A Lilly (na verdade não foi a Lilly, foi o autor anônimo do texto) comparou a existência de Deus à existência do pensamento. O neurologista nunca viu um pensamento, então invalidou o argumento do astronauta, que negou a existência de Deus porque nunca o viu no espaço.

Nós, seres humanos, enxergamos apenas uma pequena porção do espectro eletromagnético. Outros tipos, frequências e comprimentos de ondas não são vistas. Podem ser ouvidas ou sentidas, podem até causar câncer ou matar, mas não são vistas.

E o pensamento? Hahaha, o pensamento é formado pela atividade eletroquímica dos neurônios, e também emite ondas eletromagnéticas (as mesmas ondas que compõem a luz visível) em frequências bem baixas. Essas ondas do pensamento podem ser captadas e representadas graficamente através da Eletroencefalografia. Eu já fiz esse exame quando tive convulsões epiléticas na infância. Ou seja, o pensamento é invisível, mas qualquer neurologista sabe que suas existência pode ser verificada através de nossos equipamentos tecnológicos, exatamente como acontece com as ondas de rádio.

[Hoje, a nossa tecnologia permite apenas um pouco mais do que observar o nível de trabalho do cérebro... Não se reproduz o pensamento nítido do indivíduo, reproduz-se apenas um clarão ofuscado do movimento desse pensamento. Eu creio que nossos pensamentos e emoções podem ser rigidamente codificados, reproduzidos e calculados. Existem muitos trabalhos científicos sérios que buscam ler pensamentos, literalmente. Nossa "alma" não tem nada de sobrenatural. O pensamento pode ser compartilhado como ele é, só não temos tecnologia para tal.]

Deus nunca apareceu em registros de nossos equipamentos. Exceto alguns curiosos casos a parte - como o sinal WOW e os fantasmas que aparecem na estática de TV - nenhum sinal divino foi descoberto, estudado e comprovado nas ondas de informação que navegam pelo universo conhecido.

Por esse e outros vários motivos, Deus não pode ser comparado com o pensamento, nestas circunstâncias.



Ateísmo

Os motivos bobos pelos quais eu me digo ateu hoje são os mesmos motivos bobos que me levaram a me perguntar "Quem é esse tal de Deus?" há uns 10 anos. Claro que nesses 10 anos, pensei tanto sobre o assunto, que minha opinião mudou 500000 vezes. Agora eu tenho uma noção pessoal de Deus, uma coisa meio panteísta, onde Deus é a Lógica em si. Tudo no universo segue leis que são traduzidas por nós através da matemática. Deus, na minha opinião, é a essência dessas leis.
Isso é só uma visão metafórica, não tenho fé em nada, me considero ateu e adoro isso. *.*


Agnosticismo

O avô do autor de Admirável Mundo Novo (L) foi um dos fundadores do termo "agnóstico".
Agnóstico, neste contexto, é aquele que pensa que não se pode afirmar com certeza se Deus existe ou não.
Acho um absurdo pensar que uma pessoa, por ser agnóstica, não poderá ser teísta nem ateísta. Não existe meio termo: ou você crê em um Deus, ou você é ateu! E será agnóstico se não considerar sua crença uma verdade definitiva.
Meu Deus Matemático não é nenhuma verdade. É só uma teoriazinha que eu inventei, pra metaforizar a maneira que eu admiro o universo. Todas as verdades sobre a existência podem nunca ser compreendidas pelo pequeno cérebro humano.


Cristianismo

O Deus cristão não existe. Esse da Bíblia não. Por favor, não tem a mínima lógica... É uma ofensa ao universo dizer que esse camarada egoísta e machista é o pai misericordioso criador de todas as coisas. Me perdoem os ofendidos.

Mas esse papo de "Deus existe", "Deus não existe" já é tão clichê que fico envergonhado por voltar a escrever sobre o assunto assim, puramente. Antes de pensar se algo existe, deveria-se definir esse algo. E essas conversas são tão repetitivas e não levam a lugar nenhum.

É isso ae, depois quero falar sobre o Procon.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O Computador do Criador

"Na sua infância, durante um dos passeios que fazia com seu pai, Agnes lhe perguntara se ele acreditava em Deus. Ele respondeu:
-Acredito no computador do Criador - a resposta era tão estranha que a criança a guardara. Computador não era a única palavra estranha, Criador também era. Pois o pai não falava nunca de Deus, mas sempre do Criador como se quisesse limitar a importância de Deus unicamente à sua performance como engenheiro. O computador do Criador: mas como um homem poderia comunicar-se com um aparelho? Ela então perguntou ao pai se ele costumava rezar. Ele disse:
-Tanto quanto costumo rezar para Edison quando uma lâmpada queima.
E Agnes pensa: o Criador colocou no computador um disquete com um programa detalhado, e depois foi embora. Que depois de criar o mundo, Deus o tenha deixado à mercê dos homens abandonados e, ao se dirigir a Ele, caem num vazio sem eco, esta idéia não é nova. Mas se ver abandonado pelo Deus de nossos antepassados é uma coisa, e uma outra é ser abandonado pelo inventor divino do comuputador cósmico. Em seu lugar fica um programa que se desenrola implacavelmente em sua ausência, sem que possa mudar o que quer que seja. Programar o computador; isso não quer dizer que o futuro seja planejado em detalhes, nem que "lá em cima" tudo esteja escrito. Por exemplo, o programa não estipulava que em 1815 ocorrece a batalha de Waterloo, nem que os franceses a perdessem, mas apenas que o homem é por natureza agressivo, que a gerra lhe é consubstancial, e que o progresso técnico a tornará cada vez mais atroz. Do ponto de vista do Criador, todo o resto é sem importância, simples jogo de variações e de permutas num programa geral que nada tem a ver com uma antecipação profética do futuro, mas determina apenas o limite das possibilidades; entre esses limites deixa todo o poder ao acaso.
O homem é um projeto do qual pode-se dizer a mesma coisa. Nenhuma Agnes, nenhum Paulo foi planejado num computador, mas apenas um protótipo: o ser humano, tirado em miríades de exemplares que são simples derivados do modelo primitivo, que não tem nenhuma essência individual. Não mais essência individual do que tem um carro saído da fábrica da Renault. A essência do carro tem de ser procurada além desse carro, nos arquivos do construtor. Apenas um número de série distingue um carro do outro. Num exemplar humano, o número é o rosto, esse conjunto de traços acidental é único. Nem o caráter, nem a alma, nem aquilo que chamamos de o eu se distinguem nesse conjunto. Esse rosto apenas numera um exemplar. "

Milan Kundera, A Imortalidade











Não precisa dizer mais nada, tá tudo aí.
Kundera é um gênio, grande parte da minha opinião sobre a vida é influenciada por ele.



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Going Away To College

Mark: You know what's the best part of falling in love is?
Tom: Sex?
Mark: It's the oral sex. That's right.



Mark Hoppus eterno, meu ídolo. (L)

sábado, 10 de outubro de 2009

Again, and again, and again...

As crianças olham muito para cima. Deve ser por causa da altura... Para poder olhar para seus pais, precisam levantar a cabeça, então, ficam mais acostumadas a olhar para cima.

Depois que crescemos, quase nos esquecemos que existem coisas acima de nós.

Bem... Não sei se isso é mesmo um problema de estatura. Talvez seja rotina...

Onde foi mesmo que li que a curiosidade infantil é uma das coisas mais lindas que perdemos com o amadurecimento? Acho que foi no Cosmos... Ou não... Pois bem, as crianças querem saber por que o céu é azul. E elas ficam impressionadas com um "au-au", como se fosse a coisa mais fantástica do universo. Mais tarde, essas coisas simples não serão tão interessantes... E a gente perde um pouco com isso. Observar coisas simples, ponderar sobre elas... Isso faz bem pra saúde emocional e intelectual! *.*

Odeio crianças, espero nunca ter filhos.

Aliás, já ouviram falar do movimento de extinção humana voluntária?
http://www.vhemt.org/pindex.htm

Continuando...

Há umas 3 semanas, estava na avenida Goiás, quando minha vó comentou sobre umas plantas na varanda de um predinho. Parecia uma floresta, muitas plantas! Bastante curioso. E eu, que passo por ali com tanta frequência, jamais reparei naquela verde varanda. Quando tinha uns 6 anos de idade, adorava olhar para as antenas gigantes, e para o desenho daquele homenzinho da arigato naquele prédio no centro, aquele prédio que tem aquelas janelinhas em formato de U, bem interessantes.

Eles apagaram a pintura do homenzinho. :(
Fiquei tão triste, aquilo marcou minha infância, estava lá há tantos anos!!! :(

Pois então, quando tinha 6 anos, eu olhava para cima. Agora, só ando correndo, sem olhar para nada, pensando no fato futuro que anima minha vida. :(

Não gosto de rotinas, gosto de versatilizar. Mas coloco padrões bem rígidos na minha vida. Preciso pensar mais a respeito disso.... :rbk:

Que post longo. Será que alguém vai ler?

Acho que um dos maiores sofrimentos é o tédio. É uma coisa completamente desprovida de emoção. Nada melhor do que variar, mudar as coisas. E, é claro, observar os detalhes.

Puxa, esse blogger (blogger ou blogspot? estou confuso!) é mesmo muito legal. Ele salva os posts... E dá pra configurar TUDO, todo o layout da coisa... Eu tava procurando um site legal pra fazer um blog, esse aqui é perfeito! Gostaria de, inutilmente, parabenizar o pessoal que faz a manutenção deste negócio... Caramba, muito legal.